segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Sky- Line da Baía de Luanda está a mudar muito rapidamente, o que resta dos antigos edifícios coloniais ainda pode ver-se do lado de lá do taipal dos estaleiros, esperam a ordem de despejo para desocupar e dar lugar aos arranha céus que crescem alto e a bom ritmo com a mão de obra frenética dos chineses. Não existe qualquer vontade histórica, estética ou política para se recordar o passado colonial, a memória ficará enquanto durarem os álbuns das nossas famílias e os bilhetes postais da baía de Luanda com a cor kodacrome também ela a sumir-se.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Às 9 horas da manhã do dia 6 de janeiro de 1884, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens embarcam a bordo do vapor S. Tomé e dão início à última das grandes aventuras de Portugal. Como destino, Luanda. Como objetivo, ligar, por terra, as províncias de Angola e Moçambique." 127 anos depois, esse era também o nosso objectivo, reconstituir por meios agora bem mais cómodos a viagem de Capelo e Ivens e realizar um documentário para a RTP2. A equipa com os recursos mínimos e pouco dinheiro no bolso também partiu por Africa a dentro numa aventura sem grandes certezas do que iria hoje encontrar pela frente e eu com menos certezas ainda enquanto estreante no papel de narrador. Chegámos à baía de Luanda em Abril de 2011, este foi o primeiro de uma série de desenhos tortuosos que passo a apresentar aqui, feitos debaixo de um sol abrasador e de uma temperatura insuportável. Logo no primeiro dia de rodagem me apercebi o que daí para a frente me esperava durante cerca de um mês, mas também que os desenhos que considerava ser a razão de eu ali estar, afinal eram só decór, se não os acabasse não fazia mal o importante era passar rapidamente para a cena seguinte, decorar o guião e seguir para a frente porque havia milhares de quilómetros para rodar e muitas cenas para rodar também.