quinta-feira, 19 de março de 2015

Enquanto os homens pescam no rio, não muito longe das margens na sombra dos embondeiros as mulheres montam pequenas vendas. Chegamos ao índico por uma via a perder de vista de coqueiros alinhados, há sempre gente a ir e a vir seja a que horas for, há sempre movimento a passo, mesmo que a próxima vila fique a largas dezenas de quilómetros. As praias na proximidade da foz do Zambeze são de água barrenta, a areia mistura-se com a terra trazida pelos rios, tubarões e crocodilos trocam territórios, o cenário de hoje das proximidades de Quelimane não será muito diferente daquele encontrado por Capelo e Ivens no ano de 1885. A viagem chegou ao fim, o mapa cor de rosa entre Angola e Moçambique tinha sido traçado a partir do final do séc. XIX pelos Portgueses que reclamaram esse pedaço de terra tão cobiçado pelas potências em ascensão de uma Europa industrial. Depois, foi o que se sabe, o ultimato dos que até aí tinham sido os nossos aliados.